sábado, 15 de junho de 2013

"Você devia estar estudando, mas está assistindo filmes."

Bem, esta é minha máxima de hoje. Eu realmente devia estar estudando, mas como me entedio muito facilmente, eu costumo precisar de buscar sempre coisas novas pra ocupar meu cérebro. Desde um livro sem importância ou um dos 60 filmes que estão no meu computador ou até mesmo um novo corte de cabelo  são úteis para me tirar um pouco do tédio.

Mas tudo bem, pois os dois filmes que eu assisti hoje foram excelentes - Já devo ter dito que me acostumei ser uma pessoa chata e isso inclui o fato de detestar filmes de comédia por não conseguir achar graça em nada que é dito engraçado e também filmes de romance meloso por simplesmente não ter paciência de aturar melodramas. Contudo, posso dizer que sou uma pessoa apaixonada por tragédias ficcionais, incluindo morte de personagens principais, grandes sofrimentos ao longo do filme, temas que envolvam doenças mentais ou fisiológicas que geralmente acarretam morte, separações dolorosas, psicopatas, guerras de diversas formas e tragédias ambientais onde o foco principal é o fim do planeta Terra e de toda a raça humana. Sinto em dizer que fico mal quando assisto a um filme que não se encaixa em nenhum desses parâmetros.

O primeiro filme que eu vou falar (o que não costuma ser muita coisa devido à minha abstenção de spoilers) é o Na Natureza Selvagem (Into the Wild) de 2007. Ok, eu nunca tinha visto o filme antes e como de praxe sou uma retardatária do cinema.


O filme se passa nos anos de 1990 e conta a história de Christopher McCandless (o Filmow me ajuda kkk) e a viagem que ele faz depois de formado, buscando uma inserção na natureza. Chris abandona seus pais e sua irmã, não estabelecendo mais nenhum contato com eles depois disso. Contudo, ele acaba conhecendo diversas pessoas durando sua jornada, e ao meu ver, é muito interessante o ponto abordado sobre pessoas passageiras, pessoas presentes, pessoas abandonadas, a ajuda e o preconceito que existe socialmente e a própria vida em sociedade.

O filme me proporcionou diversas reflexões e por causa delas, posso afirmar que seu conteúdo e intensidade são extraordinários. Não é apenas uma história contada sobre um cara qualquer, que fez algo de diferente na vida e ficou conhecido por isso. O filme me levou a pensar profundamente na real essência humana, na nossa eterna busca interior por paz, amor e felicidade, no quanto a nossa vida pode ser mesquinha por causa de coisas materiais, dinheiro, convenções sociais e preconceitos. E por causa dessas problemáticas todas, às vezes eu paro e me pergunto: por que precisamos ser ser e agir de tal modo? Por que ter essas coisas materiais descartáveis? Por que temos obedecer a regras e dogmas sociais ridículos? E são esses questionamentos que nos levam a pensar e desejar sair do lugar em que estamos em busca dessa interiorização e felicidade, nem que seja por uma fração de segundo.

Entretanto, é possível perceber sempre a insatisfação e inquietação do personagem ao longo do filme, sempre buscando lugares pra ir (ao meu ver nem tanto para tentar se livrar dos problemas com os pais, como costumou ser reforçado no filme, mas para alcançar uma paz de espírito propriamente dita). O interessante é que essa busca é tão intensa para Chris, que ele apela para a solidão, não aceitando se conectar com pessoas que chegam a implorar por essa conexão afetiva. 


O filme tem esse grande desenvolvimento e um final não menos desprovido de aprendizagem. Como de praxe, falarei que a fotografia é impecável, assim como a trilha sonora. Identifiquei-me profundamente com o filme e já fiz o compromisso de adquiri-lo em minha pequena coleção.
Indico Into The Wild para pessoas dispostas a todos esses questionamentos que eu apresentei e para aquelas que apreciam um cinema considerado de ritmo mais lento que costuma dar enfoque nos detalhes das cenas e não sempre nas ações dos personagens. 

Agora o próximo filme que irei falar é As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides - 1999). O filme é dirigido pela Sophia Coppola. Devo contar, que depois que eu vi Maria Antonieta (que foi recentemente - eu como retardatária do cinema mais uma vez), eu fiquei encantada pelo trabalho de Sophia e prometi a mim mesma que deveria procurar mais filmes que têm o nome dela assinado - são poucos, uma pena!.

Um pouco sobre o filme: ambienta-se na década de 1970 e conta a respeito das cinco filhas de um casal dito como perfeito (providos de valores, regras, religião e cultura) que vivem em um bairro de classe média. A história é contada a partir da perspectiva de um garoto que era vizinho das garotas e, juntamente com seus amigos, nutriam forte interesse por elas. O enredo acaba ganhando profundidade quando a mais nova das filhas, Cecilia, comete suicídio.

Posso afirmar que este é um filme que também te faz pensar bastante. Tive altas reflexões acerca do assunto e eu posso sintetizar todas elas com a seguinte frase: a imperfeição da busca pela perfeição acaba nos conduzindo a atos inimaginavelmente desesperados. 

A falta de motivos para Cecilia se matar é bastante discutida e nos é exposto diversos comentários de vários tipos de pessoas a respeito do suicídio (algo muito próximo à nossa realidade. Quem nunca ouviu uma vizinha com um comentário maldoso sobre a vida de alguém?). Também, é colocado em destaque a rotina das garotas, as relações familiares e seus próprios conflitos adolescentes. Elas são tidas como perfeitas, mas essa perfeição toda, essa proibição exacerbada por parte da mãe, o excesso de preocupação e zelo do pai, intensificação da religiosidade na teoria do que é pecado e o isolamento social são os catalizadores para a intensa infelicidade e definhamento das Lisbons. 

O interessante é que todas essas questões são comuns à nós. Conhecemos pessoas que são reprimidas de diversas formas, tanto por si próprias quanto por terceiros. Sabemos que proibições e zelo estiveram e estão presentes nas nossas famílias, mas até que ponto tudo isso é saudável? No filme, essas relações são intensificadas ao extremo e grandiosamente consegue nos fazer refletir.



Agora, sobre a estruturação do filme, devo citar uma excelente característica típica de Sophia Coppola quando ela faz filmes de uma época não contemporânea. Ela consegue fazer uma miscelânea entre elementos
contemporâneos e antigos, com o uso da trilha sonora, adornos de figurinos e até mesmo objetos impossíveis de se encontrar naquele período de tempo. (Fiquei absorta e admirada com o trabalho dela quando vi em Maria Antonieta, numa fração de segundo de cena, um par surrado de All Stars ao lado de sapatos do fim do século XVIII). Além disso a forma como o filme é narrado é excelente, com partes contadas como relato e pequenas cenas como se fossem entrevistas.

Recomendo para pessoas dispostas a refletir sobre os temas abordados. Devo dizer que tanto Na Natureza selvagem como As Virgens Suicidas não são filmes de mero entretenimento e diversão. São intensamente reflexivos e sua beleza está nesse sentido. 

Estou seguindo as seguinte premissas em minha vida:
- Busque sempre assistir filmes, ler livros, ouvir músicas ou qualquer outra atividade que te faça pensar. 
- Evite coisas meramente expositivas e que apenas entretêm. 
E isso está me fazendo muito bem....

Até o próximo post!






Um comentário: