quarta-feira, 3 de julho de 2013

Dilacerando Joy Division: Disorder.

Como eu sou uma fanática por Joy Division e estou escutando novamente o álbum Unknown Pleasures, resolvi postar a letra da primeira faixa, Disorder, de maneira a mostrar algumas palavras do grande triste poeta Ian Curtis (não consigo considerá-lo só como músico). Uma curiosidade, Ian Curtis sofria de epilepsia e algumas músicas foram escritas sobre seus problemas e crises.

Disorder

I've been waiting for a guide to come and take me by the hand
Could these sensations make me feel the pleasures of a normal man?
These sensations barely interest me for another day
I've got the spirit, lose the feeling, take the shock away

It's getting faster, moving faster now, it's getting out of hand
On the tenth floor, down the back stairs, it's a no mans land
Lights are flashing, cars are crashing, getting frequent now
I've got the spirit, lose the feeling, let it out somehow

What means to you, what means to me, and we will meet again
I'm watching you, I'm watching her, I'll take no pity from you friends
Who is right, who can tell, and who gives a damn right now
Until the spirit new sensation takes hold, then you know
Until the spirit new sensation takes hold, then you know
Until the spirit new sensation takes hold, then you know
I've got the spirit, but lose the feeling
I've got the spirit, but lose the feeling
Feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling


Desordem (tradução)

Estive aguardando por um guia que viesse e me tomasse pela mão
Podem estas sensações me fazer sentir os prazeres de um homem comum?
Estas sensações mal me mantém interessado para outro dia
Eu peguei o sentido, perdi a sensibilidade, ignoro a surpresa

Está ficando rápido, movendo-se mais rápido agora, está ficando fora de controle
No décimo andar, descendo as escadas, é uma terra de ninguém
Luzes estão piscando, carros estão colidindo, está ficando frequente agora
Eu peguei o sentido, perdi a sensibilidade, a abandonei de alguma forma

O que significa para você, o que significa para mim, e nós vamos nos encontrar novamente
Estou vendo você, estou vendo ela, não vou ter piedade de seus amigos
Quem está certo, quem pode dizer? E quem se importa agora?
Até o sentido, uma nova sensação toma conta, então você sabe
Até o sentido, uma nova sensação toma conta, então você sabe
Até o sentido, uma nova sensação toma conta, então você sabe
Eu tenho o espírito, mas perco os sentimentos
Eu tenho o espírito, mas perco os sentimentos
Sentimentos, sentimentos, sentimentos, sentimentos


Algo que eu acho de rico nessa música é a separação do baixo/bateria/guitarra e vocal. É possível escutar cada instrumento separadamente, eles não se conectam para tocarem juntos, cada um toca uma melodia diferente. (não consigo explicar isso direito porque não entendo absolutamente quase nada de música). Contudo posso dizer om propriedade de Joy Division é uma das poucas bandas que fazem esse 'desunião' de instrumentos ficar perfeita. É uma aventura ficar prestando atenção e decifrando todos os sons que aparecem em Disorder.


"The Wonders - O Sonho Não Acabou"

Comentário: Não se faz mais esse tipo de filme como antigamente!


Só pra constar aqui esse foi o outro filme que eu assisti hoje (ou ontem - perdendo a noção dos dias já). É um filme muito bom de se ver, divertido, envolvente e com toda aquela nostalgia de algo antigo. 
A história é sobre a formação de uma banda americana chamada The Wonders - super parecidíssima com os Beatles. Não tenho muito o que falar sobre o filme, já que o que conta é basicamente sobre a fama repentina, o sucesso e o fracasso da banda. Se o que você procura é um filme para entreter e relaxar The Wonders é uma ótima escolha. 

As músicas são bacaninhas e  animadas. Estava até cantando mais cedo... 





As Horas: intenso, intimista e sublime.


Bem, eu vou falar sobre um filme que tirou meu fôlego hoje (não podia deixar sob hipótese alguma de escrever sobre ele). Trata-se do filme As Horas (The Hours) de 2002, dirigido por Stephen Daldry (que também dirigiu O Leitor, Billy Elliot e Tão Forte Tão Perto). Já tinha visto muitos comentários positivos sobre As Horas, mas resolvi assistir mesmo por causa de Virginia Woolf. Como eu ainda sou uma aprendiz da literatura, tenho que dizer que não li nenhuma obra da escritora, mas fiquei com muita vontade de ler. Contudo, quando eu li a carta de suicídio de Virgina Woolf me emocionei bastante e coloquei na minha cabeça que precisava ver o filme. Detalhe: o filme começa com as palavras de despedida de Virginia Woolf e seu suicídio. Não podia ser mais emocionante!

Dando uma prévia sobre a sinopse do filme, com a ajuda do Filmow, As Horas conta a história de três mulheres em períodos de tempos diferentes ligadas ao livro Mrs. Dalloway. São elas a escritora Virginia Woolf (Nicole Kidman) em seu momento de escrita do livro Mrs Dalloway em uma iminente perda da sanidade, Laura Brown (Julianne Moore) uma infeliz dona de casa grávida dos anos 50 que lê o livro e tenta preparar uma festa para o marido e Clarissa Vaughn (Meryl Streep) que é uma editora de livros que também tenda dar uma festa para seu amigo ex-amante Richard, que ganhou um prêmio de poesia e está com Aids. 

E então fica a pergunta: o que o filme tem de mais? Com esse roteiro dá pra imaginar uma infinidade de situações que o filme poderia abordar. Entretanto, eu posso afirmar com toda certeza que esse filme tem muitas coisas a mais. Coisas que te tocam profundamente, te emocionam e te fazem refletir. 

A maneira com que a infelicidade e a depressão é retratada no filme expressa-se com uma ausência de origens ou motivos. Ao meu ver a tristeza das personagens não é culpa dos maridos, dos filhos, do trabalho. Elas simplesmente estão infelizes. E querem sair dessa depressão, mesmo que para isso a morte tenha que vir. Fica explícito a força feita por Laura e Clarissa para parecerem felizes e animadas, mas no fundo de sua mente, elas estão prestes a ruir. E a instabilidade de Virginia também nos deixa apreensivos por saber que ela está perdendo a razão cada vez mais.

Outro aspecto interessante do filme é como a vida dessas três personagens se mesclam, mesmo vivendo em épocas distintas, e com problemas tão semelhantes. A sequência dessas cenas é perfeita, às vezes fica parecendo que você assiste a 3 filmes e a outras parece que é um filme só. 

Além disso, existe outra coisa que eu não posso deixar passar em branco: a belíssima trilha sonora de Philip Glass. Como foi impecável e perfeita! Acentuou ainda mais os conflitos das personagens e intensificou as emoções. 

O filme recebeu vários prêmios, incluindo Oscar para a Nicole Kidman, o Globo de Ouro e o BAFTA. 
(minha opinião a parte: achei que a atuação da Julianne foi melhor que da Nicole, mas tudo bem)

Mais uma coisa que foi marcante no filme para mim foi quando Virginia fala (acho que para o marido dela) sobre a morte. Fala que algumas pessoas morrem para mostrar a importância da vida para outras (acho que é algo do tipo). Isso faz pensar. E muito.

Finalizando: As Horas é excelente e eu recomendo!


domingo, 30 de junho de 2013

Ghost Of My Romeo

Estava revirando alguns arquivos aqui no computador e achei algo surpreendente. Um bom pedaço de um conto que escreve há uns anos. Algo bem ultrarromantismo, a propósito. Vou postar o único capítulo que tenho - não tem final e se na época eu imaginei algum, não lembro mais.

Ghost Of My Romeo

– Está frio... muito frio. Não consigo sequer aguentar-me sobre as pernas. Todos os dias nebulosos de minha miserável vida, eu permaneço aqui, olhando teu aposento de pedra, lamentando tua partida como se fosse minha culpa, encharcando meus lenços de lágrimas e meu coração de culpas desvairadas. Não devia ter sugerido essa ideia e, acima de tudo, não deviria ter feito aquilo. Sinto-me culpada, meu Romeo, todas as vezes que toco meu corpo imundo, que sinto o quão impura sou, e tu confiaste tão cegamente em mim, amaste-me mais que tudo, e eu... eu não mereci teu amor. Apesar de ter sido apaixonada obsessivamente, loucamente decidia em fazer-te meu, eu não consegui resistir à noite de minha despedida. Sou doente? Devo ser... Doente por ti, meu Romeo. Não mereço-te. Como sei que estais no paraíso, farei isto para jamais encontrar-te. Meu destino é o inferno.

A chuva começou a pingar timidamente sobre aquela silhueta feminina parada sozinha frente a um túmulo do cemitério. Ela parecia não se importar com o frio ou o vento cortante. Sequer prestara atenção que quase anoitecia e deveria sair de lá rapidamente. Ao longe, a mulher parecia não se passar de uma cortesã, mas nada comprovava a procedência da dita “lady” que também poderia enganar-se como uma bela dama da corte.

Os tempos dos reis já se terminavam, muitos estados já haviam se formado e em breve todos aqueles títulos pífios de nobreza acabariam. Contudo, a jovem pouco se importava com papéis de vassalagem dados há gerações passadas por reis e nobres figurativos de uma época feudal, remota e irrelevante.

Estava na Alemanha, mas era proveniente de uma região da Renânia, logo, era mais francesa que germânica. Ao longe parecia ser uma mulher bela, que causara suspiros em muitos cavaleiros, nobres, reis e fora o sonho até mesmo do mais ordinário camponês ou ferreiro das províncias por onde passara.

Ela estava encapuzada, sentindo a chuva transpassar pela sua capa de veludo. Lentamente começou a caminhar. Em sinal de insolência e pouca culpa, pisou sobre a cova de um dito Romeo por quem chorava. Talvez fosse ela uma moça insana que acreditava bobamente que vivera um romance Shakespeariano chamando o miserável a apodrecer naquela cova de seu Romeo. Mas de qualquer forma, a história não condizia com sua existência, afinal, se ela mesma acreditasse que poderia ao menos ser uma Juliet, deveria jazer fria e morta junto à cova de seu Montecchio.

Estranhamente, ela tinha um sorriso estampado no rosto. Um sorriso psicótico e doentio formado por dentes muito brancos e arreganhados numa boca delineadamente perfeita. O vento soprou firme em sua face e fez o capuz cair. A mulher pareceu não se importar. Sequer estremeceu-se com a gélida brisa. O sol já desaparecera a oeste e as sobras já se deitavam sobre as terras do leste, seu próximo destino.

Sua história era desconhecida. Havia rumores que poderia ser um bruxa que enfeitiçava jovens rapazes ou uma vampira traiçoeira que fazia-os cair de amores pela sua beleza. Sua ancestralidade era quase tão oculta quanto seu próprio sobrenome. Alguns chamavam-na de Veuve Noire, outros apenas referiam-na como Bella Donna, mas para seus apaixonados era conhecida apenas como Cécile.

Possuía belos cabelos dourados como os raios de sol matutinos que timidamente despontavam do horizonte anunciando uma fria manhã de primavera. Eram cacheados como o próprio ouro cultivado em fios brilhantes e longos. Sua pele era tão alva quanto os primeiros flocos de neve do inverno, seus lábios vermelhos como os primeiros morangos da colheita e seus olhos, ó olhos traiçoeiros, eram de um anil inimaginável que fazia até mesmo o céu do verão sentir inveja de tais orbes.

– Será que terias coragem de me buscar de volta? – perguntou para si mesma como se estivesse falando com alguém a seu lado. A resposta não veio. Cécile apenas continuou rindo e disse mais uma vez:

– Agora eu hei de terminar nossa história. Irei em busca daquele que me desonrou e te desonraste. Teu melhor amigo, Romeo, morrerá como todo impuro merece perecer. Era ele Benvólio ou Mercúrio? Ou apenas Páris a cortejar sua pura Juliet? Lamento, meu Romeo, este era o próprio Judas.

Quem visse por acaso a moça falar assim, provavelmente acharia que estava completamente acometida por uma doença ou possuída pelo próprio demônio.

Cécile caminhava por um campo aberto, recebendo toda aquela chuva sobre os cabelos. Andou por algum período até que finalmente chegou a um vilarejo. Ela sabia que era este o lugar onde o dito “Benvólio” se encontrava. Buscou por um momento pela taverna preferida do cavalheiro, até que encontrou a indicação que precisava “La Chevalerie”.

Sem hesitar, empurrou a porta impolidamente e entrou num lugar que poucas mulheres ousariam entrar. Até mesmo as mais indecentes mademoiselles não tinham coragem de infiltrar naquela taverna.

– Posso ajudar, milady? – perguntou irônico e lascivamente o dono da choperia.

– Procuro um certo cavalheiro. – disse Cécile assentando-se próximo ao balcão. Rapidamente ela arrancou a capa negra e aveludada que vestia e entregou-a ao dono da taverna imperativamente para que ele a guardasse no cabideiro.

Com o colo desnudo, ela cruzou seus braços e deixou o decote a mostra. Os olhos do taverneiro repousaram nas curvas lascivas de Cécile e ali permaneceram. Só fora retirado daquela vertigem no momento que ela batera a mão na mesa e exigira uma caneca de cerveja.



NOTAS: Os personagens são figurativamente comparados aos personagens de Romeu e Julieta de Shakespeare. (Benvólio e Mercúrio também).

Boring days in a busy week.



















Sinto em dizer que andei sumida no blog há uns dias; não foi por falta de vontade de escrever... foi um por um semestre que está chegando ao fim e que está cheio de trabalhos para serem entregues. Depois de terça-feira consigo fazer alguns posts aqui (que algum fantasma nessa humanidade possa vir a ler).
Contudo tenho que admitir também minha culpa: venho procrastinado muito... preciso terminar as coisas que eu comecei - incluindo trabalhos, textos, contos, livros, etc... Mas a preguiça domina a vida. é mais forte que eu.
Em todo caso o próximo post  deverá se chamar Além da Escuridão: Star Trek: Foi bom; só que não.
Estou ansiosa para deixar meu comentário sobre o filme que eu vi dia 21/06 - apesar de ser necessariamente contra a opinião de muita gente.
Acho que é só.

sábado, 15 de junho de 2013

"Você devia estar estudando, mas está assistindo filmes."

Bem, esta é minha máxima de hoje. Eu realmente devia estar estudando, mas como me entedio muito facilmente, eu costumo precisar de buscar sempre coisas novas pra ocupar meu cérebro. Desde um livro sem importância ou um dos 60 filmes que estão no meu computador ou até mesmo um novo corte de cabelo  são úteis para me tirar um pouco do tédio.

Mas tudo bem, pois os dois filmes que eu assisti hoje foram excelentes - Já devo ter dito que me acostumei ser uma pessoa chata e isso inclui o fato de detestar filmes de comédia por não conseguir achar graça em nada que é dito engraçado e também filmes de romance meloso por simplesmente não ter paciência de aturar melodramas. Contudo, posso dizer que sou uma pessoa apaixonada por tragédias ficcionais, incluindo morte de personagens principais, grandes sofrimentos ao longo do filme, temas que envolvam doenças mentais ou fisiológicas que geralmente acarretam morte, separações dolorosas, psicopatas, guerras de diversas formas e tragédias ambientais onde o foco principal é o fim do planeta Terra e de toda a raça humana. Sinto em dizer que fico mal quando assisto a um filme que não se encaixa em nenhum desses parâmetros.

O primeiro filme que eu vou falar (o que não costuma ser muita coisa devido à minha abstenção de spoilers) é o Na Natureza Selvagem (Into the Wild) de 2007. Ok, eu nunca tinha visto o filme antes e como de praxe sou uma retardatária do cinema.


O filme se passa nos anos de 1990 e conta a história de Christopher McCandless (o Filmow me ajuda kkk) e a viagem que ele faz depois de formado, buscando uma inserção na natureza. Chris abandona seus pais e sua irmã, não estabelecendo mais nenhum contato com eles depois disso. Contudo, ele acaba conhecendo diversas pessoas durando sua jornada, e ao meu ver, é muito interessante o ponto abordado sobre pessoas passageiras, pessoas presentes, pessoas abandonadas, a ajuda e o preconceito que existe socialmente e a própria vida em sociedade.

O filme me proporcionou diversas reflexões e por causa delas, posso afirmar que seu conteúdo e intensidade são extraordinários. Não é apenas uma história contada sobre um cara qualquer, que fez algo de diferente na vida e ficou conhecido por isso. O filme me levou a pensar profundamente na real essência humana, na nossa eterna busca interior por paz, amor e felicidade, no quanto a nossa vida pode ser mesquinha por causa de coisas materiais, dinheiro, convenções sociais e preconceitos. E por causa dessas problemáticas todas, às vezes eu paro e me pergunto: por que precisamos ser ser e agir de tal modo? Por que ter essas coisas materiais descartáveis? Por que temos obedecer a regras e dogmas sociais ridículos? E são esses questionamentos que nos levam a pensar e desejar sair do lugar em que estamos em busca dessa interiorização e felicidade, nem que seja por uma fração de segundo.

Entretanto, é possível perceber sempre a insatisfação e inquietação do personagem ao longo do filme, sempre buscando lugares pra ir (ao meu ver nem tanto para tentar se livrar dos problemas com os pais, como costumou ser reforçado no filme, mas para alcançar uma paz de espírito propriamente dita). O interessante é que essa busca é tão intensa para Chris, que ele apela para a solidão, não aceitando se conectar com pessoas que chegam a implorar por essa conexão afetiva. 


O filme tem esse grande desenvolvimento e um final não menos desprovido de aprendizagem. Como de praxe, falarei que a fotografia é impecável, assim como a trilha sonora. Identifiquei-me profundamente com o filme e já fiz o compromisso de adquiri-lo em minha pequena coleção.
Indico Into The Wild para pessoas dispostas a todos esses questionamentos que eu apresentei e para aquelas que apreciam um cinema considerado de ritmo mais lento que costuma dar enfoque nos detalhes das cenas e não sempre nas ações dos personagens. 

Agora o próximo filme que irei falar é As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides - 1999). O filme é dirigido pela Sophia Coppola. Devo contar, que depois que eu vi Maria Antonieta (que foi recentemente - eu como retardatária do cinema mais uma vez), eu fiquei encantada pelo trabalho de Sophia e prometi a mim mesma que deveria procurar mais filmes que têm o nome dela assinado - são poucos, uma pena!.

Um pouco sobre o filme: ambienta-se na década de 1970 e conta a respeito das cinco filhas de um casal dito como perfeito (providos de valores, regras, religião e cultura) que vivem em um bairro de classe média. A história é contada a partir da perspectiva de um garoto que era vizinho das garotas e, juntamente com seus amigos, nutriam forte interesse por elas. O enredo acaba ganhando profundidade quando a mais nova das filhas, Cecilia, comete suicídio.

Posso afirmar que este é um filme que também te faz pensar bastante. Tive altas reflexões acerca do assunto e eu posso sintetizar todas elas com a seguinte frase: a imperfeição da busca pela perfeição acaba nos conduzindo a atos inimaginavelmente desesperados. 

A falta de motivos para Cecilia se matar é bastante discutida e nos é exposto diversos comentários de vários tipos de pessoas a respeito do suicídio (algo muito próximo à nossa realidade. Quem nunca ouviu uma vizinha com um comentário maldoso sobre a vida de alguém?). Também, é colocado em destaque a rotina das garotas, as relações familiares e seus próprios conflitos adolescentes. Elas são tidas como perfeitas, mas essa perfeição toda, essa proibição exacerbada por parte da mãe, o excesso de preocupação e zelo do pai, intensificação da religiosidade na teoria do que é pecado e o isolamento social são os catalizadores para a intensa infelicidade e definhamento das Lisbons. 

O interessante é que todas essas questões são comuns à nós. Conhecemos pessoas que são reprimidas de diversas formas, tanto por si próprias quanto por terceiros. Sabemos que proibições e zelo estiveram e estão presentes nas nossas famílias, mas até que ponto tudo isso é saudável? No filme, essas relações são intensificadas ao extremo e grandiosamente consegue nos fazer refletir.



Agora, sobre a estruturação do filme, devo citar uma excelente característica típica de Sophia Coppola quando ela faz filmes de uma época não contemporânea. Ela consegue fazer uma miscelânea entre elementos
contemporâneos e antigos, com o uso da trilha sonora, adornos de figurinos e até mesmo objetos impossíveis de se encontrar naquele período de tempo. (Fiquei absorta e admirada com o trabalho dela quando vi em Maria Antonieta, numa fração de segundo de cena, um par surrado de All Stars ao lado de sapatos do fim do século XVIII). Além disso a forma como o filme é narrado é excelente, com partes contadas como relato e pequenas cenas como se fossem entrevistas.

Recomendo para pessoas dispostas a refletir sobre os temas abordados. Devo dizer que tanto Na Natureza selvagem como As Virgens Suicidas não são filmes de mero entretenimento e diversão. São intensamente reflexivos e sua beleza está nesse sentido. 

Estou seguindo as seguinte premissas em minha vida:
- Busque sempre assistir filmes, ler livros, ouvir músicas ou qualquer outra atividade que te faça pensar. 
- Evite coisas meramente expositivas e que apenas entretêm. 
E isso está me fazendo muito bem....

Até o próximo post!






sexta-feira, 14 de junho de 2013

Uma frase matinal feita por alguém que ainda não dormiu.



"Although, the one who pleased me the most was Joy Division. The feeling is pure and inward of Unknown Pleasures. I felt what he felt. The disorder coming closer, the inevitability of insanity being uncontrolled, quietly reaping us, poor violent strangers, tearing us apart, in different colors, in different shades, until nothing is left. Only solitude, darkness, gloom and death."


Tradução:

Embora, aquele que me agradava mais era Joy Division. O sentimento é puro e íntimo em Unknown Pleasures. Eu senti o que ele sentiu. A desordem se aproximando, a inevitabilidade da loucura sem controle, vagarosamente nos ceifando, como pobres estranhos violentos, dilacerando-nos, em diversas cores, em diversos tons, até não restar mais nada. Apenas solidão, escuridão, melancolia e morte.



- Escrevi esse parágrafo a pouco para o conto Hopeless Places, no qual Kirsche conta sobre um pedaço de sua vida em uma seção de eletrochoque.

(já são 3 páginas em inglês - orgulho!)